Wednesday, July 25, 2007

Asas Tortas


Os invencíveis deuses de asas tortas,
que vivem a mostrar-nos que sempre há outro caminho
andando ao nosso lado,
trazem consigo um verdadeiro sentido

Sempre lembrados e jamais esquecidos
escondidos por corpos frágeis
ombros largos e grande sorriso
Iluminados por luz própria,
Mas sempre especiais
Controlados ou desmedidos,
facilmente reconhecidos.

Faz-me crer na sorte,
na sorte de poder tê-lo conhecido
Poder pegar um pedaço seu
E levar comigo.

Sem medir, olhar para a chuva
e acreditar que tudo isso
de alguma forma foi escrito,
foi planejado ou era para ter acontecido

Por você ou por mim.
Por todos os momentos,
longos ou breves.
Pela eternidade dos nossos vôos.

Saturday, July 21, 2007

E Agora?











E agora? O que faremos?
Sinto-me rodeado pelo vazio
Estou farto, do nada
E nada me satisfaz.


Só quero a paz do meu coração
a quietude da minha cabeça.
Sem culpa, nem contas vencidas
minha mente se sentir um pouco ausente.

Não quero o plasma,
quero o sangue,
quero o vidro,
e não o plástico.

Quero o real a ser vivido.
O gosto do sal, a terra fria e úmida
O mar a minha frente,e o vento a correr comigo
passos firmes em busca do que nos foi prometido.

Quero um presente, menos ausente
Não quero um futuro, tão distante
Talvez tenha sido um sonho,
mas prefiro o impossível, que viver iludido.

Quero ver no meu reflexo somente um sorriso
que outrora era inexistente,
que por uma sombra estava encobrido
Nesse mundo que não me foi apresentado
De quem me mantive escondido.

Será que um dia meu pedido será atendido?
Talvez não faça por onde,
não tenha coragem suficiente,
ou não seja o escolhido.

E você o que quer?
vai ficar sentado jantando?
Nada está definido,
um dia pode acordar, e não fazer mais sentido.

Friday, July 13, 2007

O Interno


O inverno insiste em se sobrepor, coloca suas manguinhas de fora, e exibe todo o seu frio, de gelar as canelas, ou melhor O Canela.

A cena trata-se de uma chuva fina, esparsa e lânguida. Faz-se enganar a todos que a vêem de frente a janela, prestes a por o pé para fora de casa, aplicando a falsa ilusão da sua inocência. Pequenos passos, poucos metros e toda roupa já está terrivelmente úmida, colada junto ao corpo. Os guarda-chuvas já pouco pode fazer frente a inclinação que os gotejos assumem.

A tosse torna-se um ruído comum, quase sinfônico, sendo cada vais mais escutado em todos os ambientes. O céu ganha tons acinzentados e nuvens a se movimentar. O vento ensaia assovios a cada esquina a ser dobrada.

Realmente é um clima para poucos, torna-se caro sobreviver a ele. É preciso munir-se, usar de subterfúgios para driblar essas adversidades, um bom e grosso agasalho, tocas, luvas, mantas..., além de equipar os ambientes com lareiras, estufas e aquecedores. Imagine a idéia de morar na rua, por mais que a necessidade o leve a essa posição, pelo menos que seja em uma cidade com clima mais ameno e tropical, pois ninguém merece desgraça tão grande na vida.

Assim o inverno vai nos cercando, de forma a não deixar dúvidas sobre quem dá as cartas do jogo. Acabamos ficando internos em nossas próprias casas, reféns do que acontece ao lado de fora. Só nos passa a idéia de dormir e esperar que tudo acabe logo, e a vida continue. Mas ainda virão muitos dias pela frente, então é melhor preparar tudo antes, pois pior é passar por isso e ainda por cima ficar doente.

Sunday, July 01, 2007

O Maior Chato do Universo

O silêncio é tudo que ele precisa, as mãos levemente amarelas e o tom pálido estampado no rosto. Fisicamente ele não está bem, mas por dentro ele não sabe sequer se existe. Começou com um sentimento pequeno que de forma devastadora e fulminante, o dominou.
Hoje ele está confuso e perdido, procurando o sol em um dos dias infernais do úmido inverno que assola o mês de junho. Seu sorriso está contido, não lhe restam forças para resistir, ele apenas lava o rosto na pia e fica a se questionar frente ao espelho. Indaga o quão está velho, procura as rugas para que possa contar o tempo. Sobe na balança e verifica o peso, vê os quilos adquiridos pelos seus péssimos hábitos e rapidamente despe-se indo ao encontro da sua ducha fria, para um alívio imediato. Busca o desconforto do frio para minimizar os pensamentos que são ativos e incessantes na sua cabeça.

A vida passa por ele, e não lhe dá nenhum trocado, com um olhar de desprezo, franze a testa e lhe sussurra ao pé do ouvido: - O maior chato do universo. Enfim uma supremacia que Joker conquista. Como se em um coro uníssono todos o dizem: - O maior chato do universo. Força de expressão, talvez, enfim o universo é tão grande, talvez não exista uma só pessoa com esse posto na Terra, mas sabe-se lá no universo. Levo a crer que pelo menos existe a possibilidade
dessa afirmação não ser verídica.

Joker, um palhaço, e como o mesmo que se preze, leva consigo uma graça já não mais tolerada, uma vez que todos já estão mais velhos, e adultos.

Ultrajado, Joker leva consigo seus títulos e suas lembranças, de um tempo em que talvez tenha sido mais tolerado e compreendido. O sentido de se estar sozinho, é o que ele busca agora. Como um ator que ao final de seu monólogo é vaiado, o palhaço sai de cena. Entende que manifestações públicas não são mais necessárias, assim ele retorna ao seu quarto e cobre-se esperando a vinda de um novo dia.